Categoria: Maternidade

março 26, 2024 por Sorella Contente 0 Comentários

Educar com amor: 5 formas de praticar a parentalidade positiva

Abordagem carinhosa para criar filhos confiantes e responsáveis é ensinada no livro “Por uma Infância Feliz”

 

Em um mundo onde a parentalidade muitas vezes é associada à autoridade e à imposição, surge a necessidade urgente de redefinir os padrões de criação. Em Por uma Infância Feliz, a pediatra francesa Catherine Gueguen convida pais e mães a tornarem-se não apenas chefes, mas guias amorosos na jornada em direção à independência e à autoconfiança.

Por meio da parentalidade positiva, tema do qual a autora é referência mundial, é possível construir um ambiente de respeito mútuo, compreensão e amor. Em vez de meramente impor regras, os pais são encorajados a se tornarem modelos de comportamento, definindo limites com gentileza e empatia. Vale lembrar que parentalidade positiva não é sinônimo de permissividade. Envolve definir limites claros e consistentes, sem recorrer à violência física ou psicológica.

Os pais são incentivados a elogiar o bom comportamento e a buscar soluções pacíficas aos conflitos. Em dúvida de como colocar em prática essa abordagem? Neste lançamento da nVersos Editora, a especialista descreve cinco maneiras – cientificamente comprovadas – para criar um ambiente acolhedor que contribua para o desenvolvimento de adultos confiantes e emocionalmente responsáveis no futuro,

  • Mantenha uma comunicação empática: ouça atentamente as emoções e preocupações, além de demonstrar empatia e validar os sentimentos. Evite impor a opinião de forma autoritária, busque entender o ponto de vista da criança.
  • Promova segurança afetiva: esteja verdadeiramente presente e disponível, ofereça apoio nos momentos difíceis. Crescer cercada de carinho desenvolve a inteligência emocional e social e evita a emergência de perturbações fisiológicas cerebrais, que uma vez instaladas são a origem de dificuldades afetivas na idade adulta.
  • Estabeleça limites claros e consistentes: defina regras e expectativas de comportamento de forma clara e consistente. Explique as razões por trás das regras e ajude a criança a entender as consequências das ações.
  • Seja um modelo de comportamento: demonstre os valores que deseja ensinar por meio do exemplo. Cultive um ambiente familiar onde o respeito mútuo e a cooperação são valorizados. Promova a resolução pacífica de conflitos através do diálogo aberto.
  • Dedique tempo de qualidade: reserve momentos especiais para estar com seus filhos, participando de atividades que eles gostem. Priorize o tempo de qualidade em detrimento da quantidade de tempo dedicado. Esteja presente e envolvido nas vidas dos filhos, mostre interesse genuíno por suas experiências e interesses.

Sobre a autora: Catherine Gueguen é pediatra há 27 anos no Hospital Franco-Britânico, localizado em Levallois-Perret, França. É especializada em apoio parental, com formação em haptonomia (ligação por meio do contato físico) e comunicação não violenta. Ministra conferências e lidera grupos de trabalho sobre o apoio na educação de crianças pelo viés da neurociência para médicos, psicólogos, educadores e doulas. Tornou-se referência mundial na área da educação e da infância após o sucesso do livro Pour une child bonne. 

novembro 22, 2023 por Sorella Contente 0 Comentários

Você sabe o que são os “Graus de autismo” e qual o significado de cada um deles?

Critérios de manuais diagnósticos definem níveis de suporte; especialista explica mais sobre o assunto

 

Durante o processo de diagnóstico de muitas famílias, há o momento em que estão investigando ou efetivamente descobrem que um dos membros apresenta um grau de autismo leve, moderado ou severo. Apesar de bastante utilizado, o termo “grau” é uma maneira de simplificar. A forma mais adequada é dizer que pessoas no espectro do autismo apresentam diferentes níveis de suporte, de acordo com os critérios definidos por manuais diagnósticos.

 

Ao longo dos anos, documentos como o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), da Associação Americana de Psiquiatria, e o CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) passaram por diversas alterações, incluindo as palavras e termos usados para diagnosticar uma pessoa autista. Hoje, o diagnóstico de autismo é traçado conforme o nível de gravidade – ou de necessidade de suporte – que cada indivíduo demanda. São eles:

 

  • Nível 1: necessidade de pouco apoio
  • Nível 2: necessidade moderada de apoio
  • Nível 3: muita necessidade de apoio substancial

 

“Para diagnosticar uma pessoa com qualquer distúrbio ou transtorno, precisamos ter certos critérios estabelecidos. Para que a gente precisa de um critério diagnóstico? Por muitos aspectos, a comunicação entre as diferentes áreas é o primeiro deles. Então, quando eu falo para uma fonoaudióloga que eu tenho um paciente autista, ela vai ter a mesma definição do autismo que eu, que sou psicóloga, ou do médico, do psiquiatra, e assim em diante”, explica Lívia Bomfim, psicóloga especialista em Análise do Comportamento Aplicada ao autismo e supervisora ABA da healthtech Genial Care.

Graus de autismo ou níveis de suporte: o que significa?

“Terminologias como “autista leve, autista moderado e autista severo”, embora hoje tenham caído em desuso e sejam questionadas e criticadas por muitos especialistas em TEA e ativistas da causa do autismo, ainda acabam sendo bastante usados”, ressalta a psicóloga. Eles podem ser descritos como segue:

 

Nível 1 (autismo leve): as interações sociais podem ser desafiadoras, pois as pessoas com essa condição podem ter dificuldade em iniciar conversas ou demonstrar interesse pelos outros. Além disso, comportamentos inflexíveis podem dificultar a realização de tarefas cotidianas, como seguir instruções ou alternar entre atividades. No entanto, a linguagem funcional geralmente é preservada.

 

Nível 2 (autismo moderado): as pessoas apresentam dificuldades significativas na comunicação e interação social. Além disso, podem apresentar comportamentos repetitivos e restritivos, que tendem a dificultar o aprendizado e a adaptação a mudanças. No critério diagnóstico, podem apresentar deficiência intelectual e linguagem funcional prejudicada.

 

Nível 3 (autismo severo): as pessoas apresentam dificuldades significativas na comunicação, que podem incluir atrasos no desenvolvimento da fala ou a ausência total da fala. Além disso, podem apresentar deficiência intelectual e ausência da linguagem funcional.

 

A psicóloga da Genial Care afirma que as determinações atuais sobre os níveis de autismo são consideradas antiquadas e erradas por parte da comunidade do autismo e da comunidade autista. Isso porque a classificação por níveis não é considerada a melhor forma de abordar a condição.

“O termo pode carregar conotações que atualmente e, felizmente, têm sido criticadas, como conotações capacitistas. Então, tem toda uma frente de ativismo dentro do mundo do autismo para quebrar essa noção de que um é “melhor” do que o outro, de que um é mais funcional do que o outro”, comenta.

Isso porque, conforme detalha a especialista, uma pessoa no espectro pode apresentar necessidade de suporte na comunicação, mas não ter déficit na parte comportamental, por exemplo. Enquanto outra pode ter a comunicação bem desenvolvida, mas apresentar comportamentos repetitivos e restritos.

“Dizer que uma pessoa é nível um, dois ou três é muito inflexível dentro das tantas variações que o autismo pode acarretar. Além da questão do capacitismo, na qual o grau um é considerado o mais ‘funcional’, no grau dois, a pessoa já é menos funcional e grau três, ela não é nem um pouco funcional e é um problema”.

Especialistas já não consideram o diagnóstico de autismo como uma barreira ou limitação. Por isso, independentemente do nível de suporte, o importante é que as famílias encarem as pessoas com autismo como seres de possibilidades. 

Os pais devem investir em terapias com práticas baseadas em evidências científicas para apoiar o desenvolvimento dos filhos, independentemente do nível de suporte necessário ou do diagnóstico. Além disso, a participação dos pais no processo e a promoção da estimulação dentro de casa são essenciais para resultados mais eficazes.

“Pessoas com autismo são seres humanos variados e fluidos. O que elas precisam de tipos de suportes diferentes dentro das diferentes habilidades que ela executam. Essa noção enrijecida e determinista de que ou é um e outro é outro, é incorreta. É uma noção importante para os pais desenvolverem”, conclui Lívia.

 

 

Genial Care
Genial Care é a maior Health Tech da América Latina especializada no cuidado e desenvolvimento de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e orientação de seus cuidadores, unindo tecnologia e embasamento científico, por meio de plataforma própria e tratamento transdisciplinar. Além disso, possui um modelo próprio de capacitação do time terapêutico, a Genial Care Academy, para garantir o rigor clínico e qualidade no tratamento de cada família. Atualmente, conta com mais de 150 colaboradores dispostos a transformar a vida das famílias que convivem com autismo no Brasil para que toda criança atinja seu máximo potencial.

novembro 4, 2023 por Sorella Contente 0 Comentários

Feira da Gestante retorna à capital com queima de estoque


Feira da Gestante retorna à capital em última edição de 2023 com queima total

Prepare-se para uma experiência única e completa para mamães e futuras mamães! A tão aguardada Feira da Gestante Brasília está de volta, em última edição de 2023, trazendo consigo uma seleção irresistível de produtos e ofertas imperdíveis para gestantes e seus bebês.



Com um vasto leque de opções, a feira oferecerá uma ampla gama de produtos que vão desde roupas e acessórios até itens essenciais para o enxoval dos pequenos. Além disso,  haverá sorteio de 1 ano de fralda grátis e as primeiras 200 MAMÃES que chegarem na Feira da Gestante ganharão 1 (um) body (válido todos os dias).

De 29 de novembro a 3 de dezembro, o Pátio Brasil Shopping se transformará no ponto de encontro para todas as mamães que buscam praticidade, qualidade e variedade. Com entrada franca, a Feira da Gestante proporcionará aos visitantes a oportunidade de explorar mais de 30 lojas imperdíveis, cuidadosamente selecionadas para atender a todas as necessidades das mães e seus bebês.

Não perca essa chance de encontrar tudo o que precisa para a maternidade em um só lugar!

Mais informações no site do evento.


SERVIÇO:

⚠️MUDANÇA DE LOCAL E DATA⚠️

🗓️29/11 a 03/12

📍Pátio Brasil Shopping

ENTRADA GRATUITA

@feiradagestante.brasilia

outubro 2, 2023 por Sorella Contente 0 Comentários

Para as crianças, o melhor presente é a companhia: 5 dicas para estreitar a relação com os filhos

Neste Dia das Crianças, o médico pediatra, psicanalista e especialista em educação familiar, Fausto Flor Carvalho, explica que pequenas atitudes diárias podem transformar os relacionamentos em família

Pode até parecer óbvio ou clichê, mas momentos de qualidade com os filhos significam mais para eles do que ganhar aquele tão sonhado brinquedo no Dia das Crianças. É por isso que o pediatra, psicanalista e especialista em educação familiar, Fausto Flor Carvalho, explicita a importância de pais terem uma participação ativa no dia a dia dos pequenos, mesmo que a rotina de trabalho pareça impedir esse acompanhamento regular.

Autor de Pai Sem Sacrifício, ele garante que há formas de driblar os desafios cotidianos para estar presente em todos os aspectos da vida das crianças. Até porque foram métodos que o médico implementou na prática: quando começou a passar mais tempo com um dos filhos, percebeu mudanças positivas no comportamento do menino em relação aos estudos e às atitudes.

Abaixo, você confere 5 dicas propostas pelo Fausto Flor Carvalho para ter maior proximidade com os filhos:

1 – Seja proativo: Separe um dia da semana para exercitar a proatividade. Chame seus filhos para brincar de casinha, ou saia para pedalar com eles. Separe um momento para conhecer os interesses deles, mas também compartilhe os seus. Use sempre a imaginação para trabalhar a criatividade junto com as crianças.

2 – Converse: Deixe o celular distante por pelo menos alguns minutos do dia e converse com os filhos. Depois de um expediente cansativo no trabalho, dê a eles uma atenção plena e crie momentos únicos. Mesmo com alguns minutos diários, isso aumenta a confiança e a autoestima deles.

3 – Delegue responsabilidades: Muitos podem ter receio de dividir as responsabilidades da casa com as crianças, mas essas ações estimulam o conhecimento e a autonomia dos pequenos. Pode ser uma tarefa pontual ou diária, como recolher brinquedos, cuidar de um animal de estimação e arrumar a cama.

4 – Ajude a enfrentar dificuldades: Crianças também enfrentam momentos difíceis, seja na escola, com os amigos ou com a família. Converse com elas sobre como podem atravessar períodos desafiadores. Se você tiver experiências semelhantes para compartilhar, dê um exemplo.

5 – Exercite a gratidão: Produza uma lista qualidades que você aprecia nos filhos. Comunique a eles essas características. Essa atitude contribui também para que eles façam o mesmo com você. Assim, é possível construir uma relação de confiança mútua.

Sobre o autor: Nascido em Assis, no interior de São Paulo, Fausto Flor Carvalho é médico pediatra com mais de 25 anos de experiência, psicanalista pela Sociedade Paranaense de Psicanálise e mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista. Trabalha na área de Saúde Escolar, além de ser membro do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Pai de dois filhos, também é voluntário de cursos sobre educação e famílias.

Redes sociais: Instagram | LinkedIn | Youtube | Site

outubro 2, 2023 por Sorella Contente 0 Comentários

Mãe solo: quais os principais desafios e como lidar com eles

A psicóloga Monique Stony explica que, quando se é mãe solo, é preciso buscar alternativas para superar obstáculos comuns

A maternidade costuma apresentar desafios para qualquer mulher, afinal, são muitas as mudanças. E para quem é mãe solo as dificuldades e necessidades de adaptação costumam ser ainda maiores, já que é preciso encarar, muitas vezes, desde responsabilidade financeira até a falta de uma rede de apoio. Como fazer?

Essa, infelizmente, é a realidade da maioria das mães no Brasil. Segundo pesquisa do DataFolha, 55% das mães no país vivem uma maternidade solo e, na maioria das vezes, sem apoio e com escassez de renda financeira. 

De acordo com Monique Stony, psicóloga, executiva de Recursos Humanos e autora do livro “Vença a Síndrome do Degrau Quebrado”, lançado recentemente pela Editora Gente, esse número pode ser ainda maior, pois muitas mães criam filhos sozinhas, mesmo que dividam o teto com um parceiro. Dessa forma, vivem a maternidade solo, mesmo que ainda não tenham se dado conta disso. 

Quando uma mãe não tem com quem equilibrar as demandas, pode se sentir bastante sobrecarregada. “É especialmente difícil se não houver apoio financeiro do pai da criança ou se a responsabilidade total pelas necessidades do filho estiver com ela. Isso pode levar a altos níveis de estresse e fadiga. Além disso, algumas mães solteiras ainda enfrentam julgamentos da sociedade, o que pode ser desafiador do ponto de vista emocional”, avalia. 

Segundo a psicóloga, outro problema é a falta de tempo para as mães solo cuidarem de si mesmas, o que pode afetar a sua saúde física e mental. “Cuidar de si mesma é importante para que esteja bem para cuidar do filho, mas sabemos que isso acaba sendo um privilégio de poucas. No geral, as mães solo estão lutando para a sobrevivência própria e dos filhos. 

Por isso, precisamos lutar por políticas públicas e privadas para a inclusão da mulher. Não é aceitável que ela pague toda a conta sozinha. Enquanto não vemos transformação, precisar comunicar e fortalecer mulheres nessa situação com ferramentas que as ajudem a lidar com tamanhos desafios. É o que Monique traz no seu método ALTA, que explica detalhadamente em seu livro. 

Nesse contexto é fundamental montar alianças. Na falta de um parceiro, busque o suporte de familiares, amigos e até grupos de apoio para criar uma rede confiável. Existem muitas mulheres em situações similares e é possível buscar ajuda e ajudar”, sugere. 

Outra orientação de Monique é ter um plano organizado para equilibrar as obrigações da maternidade com o trabalho. “É ainda mais importante definir prioridades e viver um dia de cada vez. Além disso, é importante estabelecer metas realistas e não exigir demais de si mesma. Comemore cada pequena conquista!”, aconselha. 

Segundo Monique, quem é mãe solo precisa saber pedir e aceitar ajuda quando ela for oferecida. “Todas as mães precisam de auxílio de alguma forma, e quem está com a responsabilidade inteira para si, precisa contar com auxílio para realizar uma tarefa doméstica ou fazer uma atividade com a criança quando a mãe não puder estar presente”, diz. 

A psicóloga também recomenda a busca por um profissional do Direito para que a mãe possa conhecer os seus direitos e os das crianças. “Muitas vezes o pai não participa do dia a dia, mas ele tem, sim, obrigações financeiras legais que podem ajudar a aliviar parte das questões”, conclui.


Sobre Monique Stony

Monique Stony é psicóloga e possui mais de 15 anos de experiência atuando como executiva de Recursos Humanos em organizações multinacionais e apoiando o desenvolvimento pessoal e profissional de mulheres. Faz parte do grupo Mulheres do Brasil, onde atua como mentora de carreira de jovens negras. Criou o canal @maesnalideranca no Instagram onde mostra o dia a dia, os desafios e as estratégias da mulher moderna na realização de seus objetivos pessoais e profissionais. Oferece serviços de mentoria, além de palestras e treinamentos corporativos para a liderança e escritora do livro best-seller “Vença a Síndrome do Degrau Quebrado”, que tem como propósito ajudar mulheres a conciliarem carreira e maternidade.

Graduada em psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Administração com ênfase em Estratégia pelo COPPEAD/UFRJ, além de ter participado de cursos internacionais de educação executiva e aprimoramento profissional em instituições como Stanford, INSEAD e Beck Institute. Monique foi reconhecida duas vezes como um dos profissionais de Recursos Humanos mais admirados do país pela Instituição Gestão RH.  

Para mais informações, acesse o site ou pelo instagram.

agosto 8, 2023 por Sorella Contente 0 Comentários

TDAH em crianças: saiba como reconhecer

Especialista explica alguns sinais que podem ser observados nas crianças

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica que afeta a capacidade de uma pessoa de controlar seu comportamento e prestar atenção. Embora o TDAH seja frequentemente associado a crianças, ele também pode persistir na adolescência e na vida adulta.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), mais de 5% das crianças têm Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) no país. Também é possível que crianças sejam diagnosticadas com dois distúrbios ao mesmo tempo. Pesquisas indicam que entre 30% e 50% de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também apresentam TDAH. 

Carol Borgerth, mãe atípica, conta como foi para descobrir o diagnóstico do filho: “Receber o laudo do meu filho foi um divisor de águas. Visto que, desde quando ele tinha meses de vida, já havíamos notado alguns comportamentos diferentes nele. Mas foi com 2 anos que ele foi diagnosticado com TEA e começamos as intervenções. Porém, além de todos os sinais e laudo fechado de autismo, ainda tinham comportamentos que apresentavam sinais de outro transtorno, como falta de atenção, agitação extrema, falta de concentração e dificuldade de realizar as tarefas escolares. Então após 2 anos de acompanhamento e terapias, o laudo dele foi atualizado para TEA 1 de suporte + TDAH. O Thomás hoje está com 4 anos, e sempre enfatizo a importância das intervenções e tratamentos terapêuticos. É através deles que estamos conseguindo obter resultados muito significativos”, relata. 

O TDAH é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Crianças com TDAH podem ter dificuldade de prestar atenção em tarefas, seguir instruções, controlar impulsos e manter-se organizadas, afetando muitas vezes o desempenho acadêmico e as relações interpessoais delas. 

A Psicóloga Talita Padovan explica alguns sinais que podem ser observados nas crianças com TDAH: “É possível notar certa dificuldade de concentração e desatenção em seus deveres, até mesmo assistir a um filme com calma é um desafio. Esse conjunto de sinais fica bem evidente nas crianças pré-escolares, entre 3 e 6 anos, época em que normalmente já é possível fazer o diagnóstico”, alerta. 

Crianças diagnosticadas com TDAH costumam ser mais agitadas, ter mais dificuldade de concentração e são mais enérgicas do que a média, explica a especialista. “Infelizmente, essas crianças muitas vezes são vistas como crianças ‘preguiçosas, bagunceiras, sem educação’, quando na verdade são ‘criativas, intensas e curiosas”. 

Embora esses sejam os comportamentos mais populares em crianças com o transtorno, o problema é ainda muito mais complexo e inclui outras características, segundo a psicóloga. “Esses comportamentos são comuns a todas as crianças, mas o problema é quando eles se tornam intensos, o que gera comprometimento no desenvolvimento infantil”, alerta Talita Padovan. 

Entenda como funciona a versão adaptada da Terapia Comportamental Dialética (DBT), chamada DBT for Children.

A DBT-C é uma abordagem terapêutica focada para crianças – com o objetivo de ajudá-las a lidar com emoções intensas, desenvolver habilidades de regulação emocional e melhorar o relacionamento interpessoal. A Terapia é baseada em evidências que combinam técnicas cognitivo-comportamentais com práticas de atenção plena, com o intuito de aliviar os problemas atuais, bem como reduzir o risco de psicopatologia associada no futuro, visando tanto o relacionamento com o meio ambiente quanto o relacionamento consigo mesmo (uma adição importante ao modelo DBT padrão).

A DBT-C instrui os pais sobre como criar um ambiente pronto para validação e mudança, além de prepará-los para tornarem-se treinadores de seus filhos, promovendo respostas adaptativas durante o tratamento e após o término da terapia. E mais: ensina, para pais e filhos, habilidades eficazes de enfrentamento e resolução de problemas, identificando as funções de suas respostas e os significados que atribuem aos eventos, além de fornecer intervenções específicas para diminuir as vulnerabilidades nos sentidos centrais de amor próprio, segurança e pertencimento. Porém, ainda não há psicólogos e profissionais especializados neste novo tratamento no Brasil. 

Especialização na área

Com o objetivo de difundir a DBT-C, a psicóloga Talita Padovan trará para o país, em março de 2024, um treinamento internacional para psicólogos e médicos. “Durante o treinamento, os participantes aprenderão os princípios fundamentais da DBT para crianças, que incluem a criação de um ambiente seguro e acolhedor, o ensino de habilidades de mindfulness e a promoção da autorregulação emocional. Além disso, os participantes também aprenderão técnicas específicas de DBT para ajudar as crianças a desenvolver habilidades de tolerância ao estresse, comunicação eficaz, resolução de problemas e tomada de decisões”, salienta a profissional. 

A palestra será ministrada pela psicóloga que desenvolveu a DBT-C – Francheska Pereplecthicova. Com a terapia, comprovadamente eficaz, as crianças aprendem a lidar com emoções intensas, desenvolvem habilidades de regulação emocional e melhoram o relacionamento interpessoal. O treinamento acontecerá nos dias 9,10, 16 e 17 de março, e será voltado para psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e outros profissionais de saúde mental que trabalham com crianças. “É uma oportunidade única de aprimorar habilidades terapêuticas e expandir conhecimentos”, finaliza Talita Padovan.

julho 3, 2023 por Sorella Contente 0 Comentários

Vínculo entre mãe e filho é fundamental para o desenvolvimento emocional e social da criança

Estudos mostram que pessoas com apoio e segurança em períodos de desenvolvimento tendem tornar-se adultos mais seguros e autoconfiantes

 

A relação entre mãe (ou qualquer pessoa que exerça a função da maternagem) e filho é uma das mais importantes na vida do indivíduo. É o primeiro vínculo que a criança estabelece com o mundo e serve como base para seu desenvolvimento emocional e social. Nesse sentido, é necessário olhar com mais atenção para o tema, a fim de compreender melhor o importante papel exercido pela mãe na vida (presente e futura) do filho, logo nessa fase inicial, como as mães podem fortalecer os vínculos com seus filhos, quais os principais desafios enfrentados por ela neste processo e como as pessoas próximas podem ajudá-la na tarefa.

A psicóloga,arteterapeuta e autora do livro “A Casa de Pedro”, Cecília Rocha, explica que, nessa primeira etapa de desenvolvimento da criança, a mãe faz o papel do “eu” para ela. “A criança não diz ainda ‘eu estou com fome ou estou com frio’, pois não tem um centro ao qual ela referencie aquilo que vive. Então, a mãe é a grande referência de quem ela é”, explica. Assim, destaca a psicóloga, fica evidente a importância do vínculo inicial estabelecido com a mãe para o desenvolvimento emocional do filho. “Se a mãe olha para esta criança como alguém que atrapalha a vida, por exemplo, ela pode se sentir, no decorrer da vida, como quem atrapalha a vida das pessoas”, diz.

Para que haja uma compreensão mais aprofundada sobre como este vínculo inicial entre mãe e filho afeta a forma como a criança se relaciona com o mundo, Cecília lança mão da Teoria do Apego criada pelo psiquiatra e psicanalista John Bowbly. “O pressuposto básico da teoria é de que as primeiras relações de apego, estabelecidas na infância, afetam o estilo de apego do indivíduo ao longo de sua vida, sendo as condições para o seu desenvolvimento a sensibilidade de mãe para responder aos sinais do bebê e a quantidade e a natureza da interação do par (mãe e filho)”, explica.

Assim, de acordo com a psicóloga, tendo em vista a Teoria do Apego, uma criança desprezada tende não apenas a sentir-se não querida pelos pais, mas crê que é essencialmente indesejada, ou seja, amplifica este sentimento. “E, claro, isso compromete o desenvolvimento emocional e social dessa criança, que, por já esperar a rejeição dos outros, muitas vezes acaba repelindo-os antecipadamente e sendo realmente rejeitada, por agir de maneira não muito amistosa. Cria-se um ciclo que reforça essa situação”, diz.

Por outro lado, comenta Cecília, uma criança muito amada tende a crescer não apenas confiando no afeto dos pais, como também acreditando que todas as pessoas a sua volta a acharão dignas de confiança e afeição. É de se esperar, assim, que o desenvolvimento social e emocional dessa criança seja estimulado. “Aliás, estudos mostram que pessoas com apoio e segurança em períodos de desenvolvimento tendem tornar-se adultos mais seguros e autoconfiantes, enfrentando mais habilmente as situações difíceis e saindo-se melhor em suas relações afetivas”, declara.

Haja visto a importância do vínculo afetivo para o desenvolvimento da criança, a arteterapeuta orienta as mães como fortalecerem esses laços com seus filhos desde o nascimento até a adolescência. “Sabemos que o apego é um impulso inicial, mas não é uma garantia para toda a vida, por isso vinculação precisa ser nutrida e fortalecida dia a dia”, diz.

A melhor maneira de uma mãe fazer isso, segundo Cecília, é perguntar-se como seu filho se sentirá seguro, protegido, visto e considerado ao seu lado. “Gosto de pensar no vínculo como uma ponte. Só caminharemos para o outro lado se nos sentirmos acolhidos naquele lugar. Ter a sensibilidade para compreender isso e indagar-se sobre a melhor forma de ajudar seu filho nesse sentido é manter a ponte firme, vinculando seus mundos, tornando-os melhores”, diz.

Neste processo de construção de um vínculo sólido e saudável com o filho, diversos obstáculos precisam ser ultrapassados pela mãe. A psicóloga destaca que a maternidade é um momento em que a mulher se atenta para as feridas emocionais profundas de sua vida e precisa cuidar delas. “Isso já é um grande desafio, mas além dele, há outro, de dimensões maiores, que é construir um vínculo afetivo nas condições atuais da sociedade”, diz. Isto porque, segundo Cecília, o papel materno hoje inclui, além dos cuidados com o bebê, a realização das tarefas domésticas e o tralhar fora, para sustentar financeiramente a família. “Tudo isso torna a rotina exaustiva e diminui a qualidade no cuidar do filho”, comenta.

Adquire eleva importância, então, uma rede de apoio, que cuide das questões práticas do dia a dia, propiciando à mãe dedicar-se ao bebê com tranquilidade. Esse sistema de apoio pode ser composto por babá, professora, avós, amigos, vizinhos etc. Cecília afirma que o pai pode ajudar muito nesse sentido, para que a mãe esteja mais disponível e tenha mais condições de fornecer o que a criança precisa, mas ressalta que ele não se inclui na rede de apoio, já que também é responsável pelo cuidado de seu filho, sendo seu vínculo também essencial para o desenvolvimento emocional da criança.

Por fim, caso a mãe perceba que a relação com seu filho não está caminhando para um lugar de encontro e diálogo, a arterapeuta aconselha que ela procure orientação profissional. “Na adolescência, por exemplo, é comum que o convívio diminua, pois é natural que nesta fase o jovem se volte para os amigos e para a busca de sua autonomia e identidade. Mas precisamos sempre identificar se há vínculo, encontro, ponte”, diz. Se houver, comenta Cecília, mãe e filho seguem lado a lado, mesmo distantes. “Se a impressão for de que há muitas barreiras nessa travessia procure um profissional para ajudá-la a reencontrar-se com seu filho”, diz.

 

Minibio Cecília Rocha

  • Psicóloga
  • Especialista em TCC (terapia cognitiva comportamental) pela FMUSP
  • Arteterapeuta
  • Mediadora de conflitos